RAINHA DA EUROPA

Daniela Lionço se destaca fora do país

Num país onde o ciclismo é visto como esporte secundário resta, em muitos casos, aos jovens talentos irem buscar seu espaço fora. Muitos chegam a viver no anonimato, sem apoio para se manter. Há ainda aqueles que buscam outros ares e novo fôlego, para levar adiante a paixão que os move. Assim como é grande o descaso com o ciclismo no país onde o futebol reina soberano, é maior a força de vontade dos atletas que praticam esse esporte.
O projeto de ciclismo desenvolvido pelos irmãos Cleonice e Dario Delai, busca resgatar o valor dos ciclistas cascavelenses. Apesar do esporte ter grandes nomes, como Nilceu Santos, Alcides Vieira “Pastel” e Cleberson Weber “Perereca”, tem muitos outros jovens promissores, que a cada competição se firmam em cima das duas rodas.
Um bom exemplo de como Cascavel é mesmo um “celeiro” de campeões em cima da “magrela”, é o caso de Daniela Lionço, que representa o país na Europa. Contratada pela equipe italiana A.S.D Cristoforetti Cordioli, Daniela é um dos principais nomes do esporte não só daquele país, mas firma-se como uma das mais jovens promessas de toda a Europa, correndo na categoria Unde 21.
Em contato com a mãe de Daniela, Lorena Lionço, percebe-se que o esporte está no sangue. Lorena, que também é ciclista e compõe a equipe cascavelense de Cleonice Delai, diz ser por causa da filha que está no esporte. “A Dani começou a treinar sozinha. Para fazer companhia a ela eu resolvi pedalar também. Hoje não me vejo sem praticar o esporte”, confessa. Como toda mãe, Lorena fica com o coração apertado de saudade. “Bate uma saudade tremenda. Mas o que consola é que ela está indo bem na Europa. No último final de semana, por exemplo, ela ficou em segundo lugar no 7º Troféu Vanucci Alberto, uma das principais provas européias”, comenta. A prova que resultou na prata para a cascavelense contou com 101 atletas que largaram e somente 58 que conseguiram concluir os 80 quilômetros da prova. Entre as participantes, estiveram representados países como Suíça, Holanda além de Itália e muitos outros países da Europa Central.

Rumo à Olimpíada

Conversamos com Daniela pelo MSN. Esta é a segunda vez que ela vai à Itália, sendo que agora foi para lá no começo do ano. Dani contou sobre sua adaptação na Itália. “É bem difícil porque tem a língua que demora um pouco para aprender. Tem também a alimentação que é diferente. Não agüento mais comer macarrão”, brinca, dizendo que sente saudades do “feijãozinho” da mamãe.
Mas as conquistas não acontecem por acaso. “Treino todos os dias bem forte. As corridas acontecem todo final de semana e isso ajuda a manter o ritmo”. Morando em Fagnano, ao norte do país, a atleta passa a maior parte da semana sozinha. “Somos em dez meninas na equipe. Elas moram em uma cidade próxima e nos encontramos mais no final de semana mesmo”, relata. Perguntada sobre o que mais sente falta, ela responde quase que de imediato. “Família. É bem difícil estar longe de casa sozinha”.
Mas todo sacrifício é a busca de uma recompensa. Assim, Daniela tem um objetivo como ciclista. “Quero representar meu país numa Olimpíada. Estou treinando forte para isso e espero estar logo na seleção. Apesar de ter que sair do país por causa do apoio e também pelo nível técnico, sonho em ver o ciclismo mais bem valorizado”, comenta.
Daniela, assim como a equipe de ciclismo cascavelense, é a prova de que vale a pena sonhar e ir de atrás daquilo que se pretende ser: acima de tudo um vencedor na vida.