Um empate com gosto de alívio e decepção
Dadá Maravilha, um dos jogadores mais falastrões e folclóricos que me recordo, já dizia: “não existe gol feio, feio é zero a zero!” Creio que ele tenha razão. O 0 a 0 entre Cascavel e Paranavaí, na noite de ontem, no Estádio Olímpico, no fechamento da primeira fase do Campeonato Paranaense, talvez fosse digno de ser qualificado de feio. Sim, seria feio se for levado em conta as inúmeras oportunidades criadas e posteriormente desperdiçadas desde o início do jogo. (Uma delas aconteceu no início do segundo tempo, em que Léo Baiano dominou a bola praticamente na pequena área e perdeu o tempo de conclusão, o que não tira o mérito do goleiro do ACP). Seria feio se o time todo se mostrasse apático no jogo de ontem, como alguém que não queria passar para a segunda fase, seria muito feio se alguém culpasse o árbitro Eber Roberto Lopes pelo resultado esperado e que não aconteceu. Seria terrível se o Cascavel tivesse sido rebaixado para a segunda divisão...
O mesmo Dadá jogava confete nas suas habilidades. Bem ao seu estilo, ele enaltecia os seus gols, principalmente os de cabeça, com frases do tipo: “Apenas três coisas pairam no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha”, ou “queixo no ombro e queixo no peito”... Se para ele não existe gol feio, o Cascavel até balançou as redes no final do primeiro tempo, com um gol “de mão” do zagueiro Botsha, corretamente anulado pelo árbitro. (Ontem eu postei um comentário neste blog e apostei na vitória do Cascavel e esta vitória até poderia ser efetivada com um gol de mão).
A vitória na última rodada não aconteceu. A classificação não veio. Mas é injusto atribuir o fato de não se classificar apenas ao jogo de ontem. A equipe do Cascavel cometeu vários erros ao longo da competição. Começou mal e se candidatou ao descenso desde o início. O Cascavel se recuperou mas se manteve no nível de um time limitado, com poucas condições financeiras (isento a atual diretoria que pelo que acompanhei se dedicou ao máximo pelo clube, mas que, infelizmente, foi penalizada pelas falhas dos dirigentes anteriores).
O 0 a 0 teve um sentimento de decepção. Sim, para aqueles que apostaram no clube, como o técnico Rudinei Lucas. Ele sabia que a posição do time era crítica, isto é, entre o “céu” da classificação e o “inferno” do rebaixamento. Mesmo assim, motivou o seu time ao ataque, na busca pelo gol. Decepção para jogadores como Célio, na minha opinião, o melhor jogador do time. Valente, zagueiro de qualidade, logo, logo contribuirá com o seu futebol em um clube de maior projeção que o Cascavel, nas Séries B ou C do Brasileiro. Decepção para Irineu, esperança de gol da Serpente, mas muito marcado no jogo, Decepção para Cristiano, um dos melhores em campo no jogo, e que chamou a responsabilidade para si, mas faltou o gol. E decepção para o goleiro Douglas. Ele assumiu a vaga do competente Márcio nas últimas rodadas e salvou o CCR em alguns lances, principalmente no jogo de ontem. Ao final da partida, o seu semblante, com olhos ligeiramente marejados, expressavam a sua decepção e o seu desejo de disputar a próxima fase. Lembremos que o ACP, adversário de ontem, vinha de boas campanhas em anos anteriores, inclusive, é o único time do interior campeão paranaense desta década (2007). Neste campeonato, o “Vermelhinho” começou mal, também candidato ao rebaixamento. Porém, cresceu no final e foi uma das duas equipes que conseguiram vencer o Atlético/Pr, equipe de melhor campanha.
Infelizmente, não deu. Mas o esforço do jogo de ontem teve um bom resultado: o Cascavel disputará novamente o Campeonato Paranaense. Está na elite do futebol do estado. Não existem culpados. Creio que culpados somos todos nós quando exigimos um clube de futebol mais competitivo para a nossa cidade, mas que ao mesmo tempo, não somos capazes de incentivar àqueles que nos representam.
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